quinta-feira, 4 de setembro de 2014

Tropa camuflada!


Fonte: Com informações Rádio Cidade

Em momentos de tensão e crise, grandes eventos e situações de emergência, a Força Nacional de Segurança Pública entra em campo para atuar em operações especiais com o objetivo de apoiar ou assumir o papel de outros órgãos de segurança do estado em que a convocou. Ela foi criada em 2004 e, desde então, reúne os melhores profissionais de cada estado brasileiro. Somente de Brusque, dez policiais já fizeram parte da tropa camuflada, ou como alguns acreditam, da “polícia de elite”.

Um dos representantes do 18º Batalhão da Polícia Militar de Brusque e que integrou a Força Nacional é o soldado Cristiano Rafael Laurindo. Ele foi o último a voltar da missão há cerca de quatro meses. Laurindo foi aprovado em 2010, convocado em 2012 e atuou por dois anos consecutivos. No início, o soldado conta que foi complicado e quase voltou para casa. Sua primeira operação – a prova de fogo – aconteceu em Tabatinga, cidade pertencente ao interior do Amazonas.

O município faz limite com Colômbia. Com isso, o trabalho é voltado especialmente à fiscalização entre os dois países, entrada e saída de pessoas, já que a região é visada pelo narcotráfico. “Lá no Amazonas, a Força Nacional dá apoio à Receita Federal e Polícia Federal na manutenção da fronteira. Fazíamos revistas em barcos e embarcações”. Conta.

Além dessa operação, Cristiano também foi para o estado do Mato Grosso, onde a FNSP apoia o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama). Após isso, foi para Maceió, capital de Alagoas. Segundo ele, lá realizam policiamento de rotina, o que não diferencia do trabalho já feito aqui, em apoio ao governo do estado. “O número de ocorrências é muito grande lá e a polícia não dá conta”. O policial ainda participou de operações em Goiás, Brasília, Mato Grosso e Rio de Janeiro.

Como o trabalho é feito nacionalmente, os militares tiveram a oportunidade de conhecer vários policiais, desde a Polícia Militar à Rodoviária e Civil, de vários estados. É o que conta o tenente PM Pedro Carlos Machado, que diz que essa troca de experiências é importante para fazer uma reciclagem de conhecimento. Machado conta que desde o início, soube da existência da Força Nacional e sempre teve a curiosidade.

“A gente ouvia algumas histórias, mas só sabe como é depois que passa. Eu tentei duas vezes, porém, pelo critério do sorteio entre os aprovados, eu não consegui. E nessa última vez consegui essa vaga”.Depois de aprovado, na época, ele foi deslocado para um treinamento em Goiás, um curso que nivela o conhecimento do policial.

O tenente Pedro já havia participado do Exército Brasileiro, como sargento, por três anos. Ao decidir pelo curso de oficiais da PM e se tornar um policial, já ficou sabendo da Força Nacional.

“Eu pude participar no Distrito Federal, da operação ‘Divisa Segura’, em que a gente fazia barreiras nos acessos da cidade. Fui para a cidade de Altamira, no Pará, na construção da Usina de Belo Monte, a gente foi lá pra fazer a segurança dos funcionários, tendo em vista o grande número de invasões que ocorrem, além de manifestações”.

Pedro participou, também, da Copa das Confederações em 2014, dos protestos que foram realizados em junho do ano passado, com patrulhamento do Morro do Santo Amaro (Rio de Janeiro), onde a FN permanece fixa, além de Rondônia, onde a Força foi apoiar uma cidade no interior devido ao grande número de homicídios.

O TREINAMENTO

O treinamento dos policiais que integram a FN acontece durante duas semanas. São policiais militares e bombeiros, os quais são submetidos a uma rotina rigorosa de exercícios. O local onde são feitos? Depende de cada edição. O curso contém dez disciplinas. Entre elas direitos humanos, controle de distúrbios civis, policiamento ostensivo, técnicas de tiro e gerenciamento de crise. Boa parte acontece ao ar livre.

Outro policial que também participou da FN é o major PM Otávio Manoel Ferreira Filho. Ele conta que o treinamento é voltado a grandes eventos. “São duas semanas de treinamento, toda aquela parte de choque, de controle de tumulto, parte de tiro com variadas armas, como pistola, fuzil, taser, além de gás. É um treinamento policial que todo o estado deveria fazer, mas, infelizmente, eu me deparei com policiais que mal atiraram em sua vida, muitos deles nem na escola de formação”, afirma Otávio.

Segundo ele, muitos oficiais reprovaram no teste por não apresentarem o nível mínimo de aptidão em tiro. O PM ainda recorda que em Brasília, na instrução de nivelamento, um capitão foi eliminado, também, pela qualidade de tiro. Além da prática, os policiais também estudam a parte teórica, com assuntos voltados à Força. Um exemplo é a legislação da FN. “Há também um treinamento rígido sobre disciplina, pois eles se preocupam bastante quanto à disciplina, hierarquia, até porque são militares que compõem a Força Nacional, além de policiais civis”.

Há bastante semelhança do treinamento com o Curso de Formação de Soldado (CFSd), porém, o aplicado em Brusque, por exemplo, é bem mais amplo. De acordo com o major, boa parte das horas do CFSd é usada para a disciplina de legislação de trânsito, o que a FN não utiliza. “Ele chega um cidadão civil, nu e cru, e oito meses depois sai um policial militar, um profissional de segurança pública”. Diferentemente do treinamento da Força, onde se é aprimorado o conhecimento do militar ou focaliza em locais que deve ser usado.

Segundo o soldado Cristiano Rafael Laurindo, as duas semanas servem para padronizar todos os profissionais, visto que são policiais de todo o Brasil. “A gente se adapta fácil, o militar é um profissional que se adapta fácil”.

Sobre as dificuldades encontradas, o tenente Pedro Carlos Machado diz que, praticamente, são as mesmas vistas em polícias de todos os lugares. “Tanto de logística, algumas cidades têm os acessos bem difíceis. A parte do armamento, a gente tem equipamento bom, mas que às vezes vai ficando velho com o uso”, apesar disso, a Força Nacional, por onde ele passou, é bem quista e a comunidade tem boas impressões e respeito.

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